O modelo psicanalítico entende a compulsão alimentar como repetição de padrões emocionais originados na relação mãe-bebê e nas dificuldades interpessoais, tratando o sintoma por meio da interpretação da transferência e ressignificação da história pessoal.
1. Origens Psicanalíticas da Compulsão Alimentar
Na psicanálise, a compreensão da compulsão alimentar parte do desenvolvimento humano e de como as primeiras relações moldam a forma de lidar com necessidades emocionais e instintuais.
O seio materno, primeira fonte de satisfação, oferece não só nutrição, mas também segurança emocional e significado simbólico para desconfortos.
2. Relação Mãe-Bebê e Formação dos Sintomas
Quando a relação primária é percebida como insuficiente para suprir necessidades emocionais, podem surgir lacunas afetivas que persistem na vida adulta.
É comum que pacientes descrevam insatisfação com o “Outro” e apresentem voracidade alimentar como tentativa de preencher esses vazios.
A partir das teorias de Freud (relações objetais) e Bowlby (apego), entende-se que sintomas como compulsão e descontrole alimentar refletem dificuldades relacionais.
A melhora dessas relações tende a impactar positivamente autoestima, autoimagem e, indiretamente, reduzir a intensidade dos sintomas alimentares.
A psicanálise busca compreender a compulsão à repetição, trabalhando a associação entre ato de comer compulsivamente e experiências emocionais não elaboradas.
O processo envolve:
Análise da transferência – entender como o paciente projeta sentimentos e experiências passadas.
Interpretação das resistências – identificar mecanismos inconscientes que dificultam mudanças.
Construção de insight – promover consciência sobre a relação entre sintoma alimentar e dinâmica relacional.
Cada paciente é único. Um mesmo sintoma pode ter diferentes significados e origens inconscientes.
O tratamento psicanalítico considera a história singular de cada pessoa, buscando compreender por que aquela forma de sintoma foi construída como expressão de conflitos internos.
O modelo psicanalítico não trata apenas o comportamento alimentar, mas as raízes emocionais e relacionais do sintoma, proporcionando uma mudança mais profunda e duradoura.